sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Perdeu, Gilmar


João Plenário
Lelê Teles*
 
Esse lentíssimo senhor juiz, Gilmar Mendes, aquele que é a cara do deputado d'A Praça é Nossa, tomou uma surra hoje no STF, 8x3.
 
E está proibido, para desespero da plutocracia e dos paus-mandados do Congresso, o investimento empresarial em campanhas políticas.
 
Há uma ano e meio, percebendo que seria derrotado na ação impetrada pela OAB que julga inconstitucional o financiamento empresarial para partido e políticos, Gilmar pediu vistas.
 
Mau perdedor, sentou em cima do processo e nele peidou por ano e meio; fez como aqueles molecotes que, contrariados durante uma pelada, colocam a bola da pelada debaixo do braço e vão embora.
 
Demorou uma eternidade para devolver o processo e demorou uma eternidade para ler o seu voto, que a rigor todos já sabiam qual era, mas aproveitou para destilar sua indelicadeza, sua insolente beligerância e seu destempero.
 
No seu voto não faltaram slogans e achincalhes ao PT, parecia que era candidato a eleição em algum grêmio livre de escola.
 
Acusou a OAB de apresentar a ação sob orientação do PT, num delírio desprovido de qualquer sustentação factual.
 
Indicação de Fernando Henrique Cardoso, Mendes se prestou a papéis patéticos na corte, bateu boca com colegas, acusou Lewandowski de chicaneiro e tomou umas chineladas de Joaquim Barbosa, que engrossou com ele: "Vossa Excelência me respeita. Vossa Excelência não está falando com um dos seus capangas do Mato Grosso".
 
Midiático, acostumou-se a dar palpites e pitacos fora dos autos, sempre em ataque furioso, quase patológico, contra o PT, jogando para a grande mídia, que sempre lhe esticava os microfones.
 
Lembremos mais uma vez Barbosa quando lhe apontou o dedo: "Vossa Excelência está na mídia destruindo a imagem do judiciário".
 
Gilmar é chegado a processar jornalistas. como todo histérico de direita, ele não aceita opiniões divergentes da sua, não tolera o contraditório e parte para a ameaça e a intimidação dos tribunais.
 
Acima de todos, imperial, jactancioso e aécico, já chegou a dizer que não votava pensando no Zé Mané da esquina.
 
Ontem, ao ouvir o ministro acusar cretinamente a OAB, um advogado da Ordem pediu para se defender; Gilmar, contrariado, contrariou as regras da magistratura, julgou-se acima dos demais colegas, inventando pra si uma hierarquia fantasiosa e delirante, levantou-se e deu as costas ao advogado, não se antes desdenhar deste.
 
A OAB soltou nota de repúdio e hoje Gilmar conta com a antipatia de todos os advogados do país.
 
Algum jornalista há de lhe emprestar um lenço.
 
Perdeu, Gilmar. agora é abraçar Aécio e chorar.
 
Palavra da salvação.
 
*Lelê Teles
 
Jornalista e publicitário. Roteirista do programa Estação Periferia (TV Brasil), apresentador do programa Coisa de Negro (Aperipê FM) e editor do blog FALA QUE EU DISCUTO
 
 
 
 
Fonte: Brasil 24/7