segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Santa Maria – O que eu acho


Foto: Deivid Dutra / A Razão
Sobre o que eu acho do que aconteceu em Santa 
Maria, eu gostaria de dizer apenas:

Que importa o que eu acho?

Mais ainda:
Que importa o que você ou qualquer um de nós acha?
Por que cargas d’água temos que achar alguma coisa – e mais, COMUNICAR às pessoas o que achamos? Dizer que eu penso isso, que eu acho que a culpa é deste e daquele, que tais são as causas da tragédia, que fulano está sendo hipócrita ou beltrano quer tirar vantagem? Por que precisamos lotar todos os espaços com uma interminável sequência de mensagens, palpites, afirmações, análises, crônicas, denúncias, piadas, paralelos, meditações – toneladas e toneladas de conteúdo que não falam de nada, absolutamente nada que não seja de nós mesmos? Porque é tão importante que as pessoas saibam o que NÓS achamos, o que NÓS sentimos, o que NÓS deduzimos dessa situação toda? Porque NÓS temos que ser assunto sempre, mesmo em um momento tão terrível?
Queremos culpados, queremos respostas, queremos certezas em meio a tanta incerteza e tanta dor. Nós queremos. Sempre nós. Nós queremos que as pessoas ouçam nossa opinião, que ouçam nossa revolta, queremos que vejam as fotos mórbidas que nem são do incêndio mas que nós acreditamos que são porque precisamos de fotos mórbidas para que o horror sem limites pareça mais concreto para nós. Queremos que nossa voz se ressalte em meio ao barulho da consternação. A nossa voz. E assim multiplicamos o ruído, potencializamos a dor e a incerteza, todos querendo falar, ninguém disposto a ouvir.
Hoje, pelo menos, eu não acho nada. Absolutamente nada. Não quero ter opinião nenhuma e não quero defender nenhuma tese. Quero apenas ficar bem quietinho no meu canto e sentir gratidão por tudo estar bem comigo e com as pessoas que eu amo. E mandar um pouco de bons pensamentos para quem está sofrendo, porque é algo que eu, dentro da minha visão de vida e de Universo, acredito que ajuda um pouco. Amanhã, talvez, a partir do que se investigar e do que se descobrir, eu tenha vontade de opinar ou analisar – embora eu sinceramente ache que mesmo nesse momento o que eu acho disso tudo não fará nenhuma, absolutamente nenhuma diferença.
Sério mesmo: que importa o que eu acho?

Fonte: Sul 21 - A Época Folhetinesca 

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