sábado, 18 de agosto de 2012

Wikileaks - Inglaterra nega salvo conduto a Assange





MINISTRO BRITÂNICO DIZ QUE AS AUTORIDADES LOCAIS TÊM A OBRIGAÇÃO DE EXTRADITAR O FUNDADOR DO WIKILEAKS PARA A SUÉCIA; JORNALISTA, QUE ESTÁ REFUGIADO NA EMBAIXADA DO EQUADOR, PODE SER PRESO SE PISAR NA CALÇADA, MESMO COM O ASILO CONCEDIDO PELO GOVERNO DE RAFAEL CORREA

Um porta-voz do Departamento de Relações Exteriores britânico negou salvo conduto ao fundador do Wikileaks, Julian Assange, que recebeu nesta manhã asilo político do governo do Equador. "Sob a legislação britânica, o senhor Assange exauriu todas as suas opções de apelação e as autoridades britânicas têm a obrigação de extraditá-lo para a Suécia. Nós devemos realizar esta obrigação", disse o ministro. Desta forma, o jornalista que está refugiado na embaixada do Equador em Londres pode ser preso pela polícia se deixar o local.
O asilo político foi anunciado em coletiva de imprensa pelo ministro das Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patiño, por volta de 9h40. A decisão, sobre o qual o Reino Unido se disse "desapontado", ignorou o informe da Inglaterra de que tomaria ações para prender Assange. Em frente à embaixada equatoriana, o clima ficou tenso e três pessoas chegaram a ser presas pela Scotland Yard durante protesto em defesa de Assange. O prédio foi cercado por cerca de 700 pessoas, dispostas a evitar que polícia britânica invada a embaixada. Leia aqui, em espanhol, a íntegra do comunicado do Equador.
O juiz espanhol Baltazar Garzón, atual advogado de Assange, disse em entrevista ao jornal El País que o governo britânico é obrigado a conceder o salvo conduto, uma vez que o Equador concedeu o asilo político. "Do contrário, recorreremos à Corte Internacional de Justiça", disse Garzón. O advogado criticou com dureza as ameaças de invasão da Inglaterra à embaixada. Para ele, as autoridades britânicas têm de respeitar "o risco que corre uma pessoa vítima de perseguição política".
O jornal "The Guardian", um dos de maior prestígio da Inglaterra, já havia antecipado que a decisão seria favorável ao ativista, acusado de assédio sexual na Suécia. Num clima de intensa pressão, autoridades do Equador anunciaram que receberam ameaças da Inglaterra sobre uma possível invasão à embaixada – o que seria considerado, por parte do Equador, como um ato hostil e de guerra, por violar tratados internacionais. O governo de Rafael Correa já marcou uma reunião para discutir a ameaça e formular uma resposta ao governo britânico.
Não se sabe ainda qual será o próximo passo. Sem o salvo conduto, se Assange sair da embaixada, a Inglaterra tem a obrigação de prendê-lo, já que ele está descumprindo a prisão domiciliar da qual foi condenado no país. Caso consiga deixar o local em segurança, ele poderia entrar num carro diplomático para ir até o aeroporto a fim de deixar a Grã-Bretanha, mas teria de sair do veículo em algum momento. Segundo Patiño, a situação do jornalista é "perigosa", já que ele é responsável pela divulgação de segredos muito bem guardados, inclusive do Pentágono na invasão do Iraque e, por isso, corre o risco de sofrer represálias.
Assange se tornou protagonista de uma batalha global pela liberdade da informação – além, é claro, de inimigo público dos Estados Unidos. O jornalista está refugiado desde 19 de junho na embaixada do Equador em Londres para não ser extraditado à Suécia, onde responde pelos processos e afirma que sua vida correria riscos.

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