sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O desafio do Turismo


Flávio Dino, Presidente da Embratur
Nos próximos anos, 600 mil turistas novos entrarão no país, para acompanhar a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Dependendo da maneira como forem recebidos, poderão ser 600 mil propagandistas ou 600 mil críticos espalhando suas opiniões pelas redes sociais.

Essa a preocupação maior de Flávio Dino (PCdoB), presidente da Embratur.

Apesar da formação jurídica, Dino se destacou por preocupações gerenciais em várias áreas. Como juiz federal de direito, foi dos primeiros a adotar modernas formas de gestão em sua vara. Essa experiência ajudou-o a montar o sistema de estatísticas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Dino considera que o país vive alguns paradoxos. Nunca se viajou tanto, de entrada e de saída. 2011 registrou dois recordes: o de número de estrangeiros entrando no país (5,5 milhões) e o recorde de divisas (US$ 6,7 bilhões). Na outra ponta, a saída de divisas – com viagens de brasileiros ao exterior – bateu em US$ 20 bi. Só o déficit na conta turismo consumiu metade do superávit comercial brasileiro. Parte devido ao câmbio favorável (ao turista brasileiro), parte devido à melhoria de renda do brasileiro.

O desafio a que Dino se propõe é transformar o turismo em tema nacional. Hoje em dia, a atividade corresponde a 3,6% do PIB. São números crescentes e um enorme potencial de geração de emprego e renda. O momento é de construir uma agenda que use as janelas de oportunidade da Copa e das Olimpíadas.
O maior ganho (ou perda) do país será o pós-evento: o saldo de imagem que ficará depois da festa. Para tanto, a preocupação maior não serão as obras – que sairão de qualquer modo, mas a maneira como os turistas serão recebido e, também, o custo interno do turismo.

No planejamento da Embratur, as duas prioridades serão, primeiro, garantir maior equilíbrio no balanço do turismo; segundo, garantir competitividade para o produto turístico brasileiro.

O trabalho está sendo montado em torno de três eixos:

Promoção: publicidade, mídia digital e relações públicas, voltadas aos mercados considerados mais propícios: 17 países prioritários, os 15 maiores emissores de turismo, mais México e Canadá. Hoje em dia há maior compreensão sobre a importância da América do Sul para o turismo brasileiro. Apesar da globalização, os fluxos turísticos são fundamentalmente intrarregionais: o turismo do México depende dos EUA; o de Cuba, do Canadá; e o da Europa, dos europeus. EM 2010, apenas 46% do turismo externo brasileiro era originário da América do Sul, contra 85% do turismo norte-americano no México e 83% dos europeus na Europa.

Apoio à comercialização: existem linhas de crédito do BNDES para hotelaria. A novidade será o apoio aos vôos charters, para diversificar portões de entrada e pluralizar oferta.

Competitividade propriamente dita. Apesar do câmbio ser um fator de pressão, há outros pontos que precisam ser levantados, como a desoneração tributária, diz Dino. Sua intenção é incluir o turismo no Plano Brasil Maior lançado para setores exportadores.

A Câmara do Turismo

Depois de incluir a atividade no Brasil Maior, conseguir medidas para parques temáticos, turismo receptivo, hotelaria. Por exemplo, isenção para a aquisição de rodas gigantes e outros equipamentos temáticos, não fabricados no país. Para articular o plano, pretende montar uma modelo parecido com a câmara automotiva, reunindo todos os setores representativos da atividade.

Estratégia digital

No caso dos voos charters, a ideia será abrir um edital para estados que formatam seus programas. Os recursos servirão para os estados negociarem com as operadores de voo. A parte mais relevante das verbas publicitárias será para aplicativos no Facebook, que permitam aos operadores de turismo apresentar suas ofertas. Para apoio local, serão montados 13 escritórios em vários países.

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