sábado, 26 de novembro de 2011

Na ausência da educação, a subversão da ordem e o grito dos excluídos



 


 
Uma crônica sobre a iminente greve dos policiais maranhenses
 
O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.”
Martin Luther King
 

Abrir escolas é fechar prisões vaticinava o escritor português Guerra Junqueiro, que analogamente condenava os governos despóticos que mesclam tirania com princípios liberais e conseguem enganar o povo subvertendo suas instituições. Guerra, um jornalista que, como eu, guerreio para não internalizar de vez a ideologia do vencido.

No estado mais atrasado da nação, cujos índices sociais só se comparam a regiões tribais ou inabitáveis, ainda impera o silêncio, a licenciosidade necrosaste que destrói até o osso o pouco de esperança que o povo ainda nutre. Apoiados por uma grei espúria que rege o país e suas instituições, essas pessoas fazem do Maranhão a parte mais desprezível do quintal de suas casas, tratando sua gente como gado leiteiro, uma vez que nem permitem a engorda para o abate. É isso mesmo! Somos gado ferrado com um S na testa para que todos saibam que temos dono e nunca abram a porteira do curral para que aqueles que estão presos não se libertem dos grilhões, nem percebam que do lado de fora tem luz, tem ar puro, tem, enfim, liberdade.

A cúria que manda no nosso estado investe pesado em mídia anunciando que está construindo presídios e mais presídios, que comprou centenas de viaturas como se isso fosse um alerta apara quem ousar espernear. Hoje começam a colher o que eles vem plantando há décadas. Não investiram em educação por pensar que quando a educação falha a prisão resolve.

A briosa polícia militar segue o grito da massa de excluídos que há bastante tempo vem sendo entoado pelos educadores do Maranhão, pelos delegados de polícia e outras classes desprezadas por esta família que aí está. Prometer cadeia ou exclusão para os policiais é usar dos mesmos recursos utilizados pelo déspota marquês de Pombal que, nestas mesmas terras mandou assassinar colonos e expulsar religiosos sem dar espaço ao diálogo.

Li dia desses a crônica de um policial que escreve para o jornal, uma alusão à luta dos professores, como uma luta inglória, e hoje me solidarizo com a causa deles que passam na pele o mesmo que os professores vêm passando década após década.

Em 115 anos de história e a PM do Maranhão nunca fizera uma greve, até porque isso é inconstitucional, mas num estado onde as leis são ignoradas, quem vai dizer que estão errados? Até por que, se a nossa governadora exonerar os policiais e delegados, quem ela colocará para gerir as dezenas de presídios que a família dela construiu? Quem? Eles estão no direito pleno deles.

Quem planta vento colhe tempestade, diz o aforismo popular, que corrobora o pensamento de Kennedy: “você pode enganar todo o povo durante algum tempo e parte do povo durante todo o tempo, mas não pode enganar todo o povo todo o tempo” que, por associação, contempla a paráfrase a Charles de Gaulle: O Maranhão não é um estado sério.

Fonte:  Texto enviado por Renato Artur nascimento


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